quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

É proibido sofrer!


Pablo Massolar
"É proibido sofrer!" Esta é a mensagem que vemos sendo anunciada em quase todos os lugares. Talvez nem sempre dita assim tão explícita, mas percebemos suas variações quando também se diz: "pare de sofrer!", "tenha uma vida vitoriosa!", "Você nasceu para ser cabeça e não cauda!", "decrete e profetize sua vitória!", "tome posse pela fé!" e tantas outras ordens e palavras que, na cabeça de muita gente, vira uma espécie de anestésico contra as dores que os problemas da vida provocam na gente.

A sociedade atual se esconde do sofrimento e o nega porque ele desmascara nossas fragilidades. A questão é que a ferida continua aberta, a infecção vai se alastrando cada vez mais, a doença emocional vai se enraizando, vai matando lentamente, mas seus efeitos são maquiados pela não sensação de dor. Se esquecem que o próprio sofrimento pode ser uma bênção, pois ele nos avisa sobre a necessidade de que algo deve ser feito.

Embora haja fundamento bíblico para nos dizermos mais do que vencedores por meio de Jesus, esta palavra "vencedores" não segue o modelo e o padrão moderno de entendimento do que seja vencedor segundo a ganância dos homens. O perfil do vencedor moderno é aquele que até pode passar por alguma dificuldade, mas consegue tudo o que quer. Sempre vence as dificuldades virando o jogo com palavras mágicas. Nunca demonstra em público suas fraquezas. Este é o vencedor das externalidades, da futileza, do terno Armani, da bolsa Louis Vuitton, do carro de luxo, de ter dinheiro, poder e influência sobre a vida das pessoas. É o que se faz vencedor pela força bruta, é o indestrutível. Infelizmente, este tipo de vencedor é anunciado adoecida e insistentemente em muitos púlpitos. Quem não se enquadra nesse padrão é rapidamente chamado de "sem fé", amaldiçoado, fraco ou derrotado.

Já, o Vencedor, segundo o Evangelho, é aquele que também sofre, também passa por algum tipo de privação, pode até vencer de alguma forma material, mas sabe discernir entre o momento de rir e o de chorar. Aprende a viver cada um destes momentos reconhecendo que há um Deus que não somente assiste, mas participa com a gente, ao nosso lado, de cada riso ou lágrima e usa essas coisas também como ensino e crescimento para cada um de nós.

Perder ou ganhar, ser fraco ou forte, no entendimento bíblico, não depende do troféu humano, das honrarias, homenagens, recompensas e reconhecimentos que se recebe em vida.

Vencer não tem a ver necessariamente com possuir bens ou ser curado de uma doença terminal. Estas coisas também, mas elas não tratam da essência. Estão na superfície de uma vida muito mais profunda, muito além de ter ou não os seus sonhos e pedidos realizados.

Aqueles que vencem ou venceram, nas Escrituras, perderam o mundo para ganhar a Vida. Alguns foram perseguidos, torturados, mortos, tiveram seus bens espoliados, famílias separadas. A maioria não foi nenhum exemplo de sucesso de empreendedorismo, de força de vontade ou estabilidade emocional. Passaram fome, fugiram, tiveram medo, alguns desistiram ou abandonaram seus projetos e chamados missionários, antes do tempo. Tiveram crises existenciais, ficaram deprimidos, se sentiram enfraquecidos, desejaram morrer mas foram salvos e reencaminhados não por suas próprias forças, mas pela Graça infinita, teimosa e amorosa de Deus. O verdadeiro vencedor é aquele que vence não por ele mesmo, mas vencido, vence em Deus.

O vencedor, segundo as Escrituras, sabe que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, mas nem por isso deixa de se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram. Vive cada sentimento de forma verdadeira, sem máscaras e consciente.

Nesta vida ainda vamos perder e achar muitas coisas, muitas vezes. Alguns sonhos pessoais jamais serão alcançados, outros virão como que presentes de Deus para nossas mãos. Não se permita ser julgado pelos outros ou pela própria consciência por causa do que você ganha ou deixa de ganhar. O importante é, como diria nosso irmão Paulo, o apóstolo: "quer vivamos ou morramos, somos do Senhor." (Romanos 14.8). Em outras palavras, desta vez, ditas por Jó "o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o seu nome." (Jó 1.21).

O sofrimento em si não nos torna derrotados. Podemos, sim, aprender e sermos aperfeiçoados por causa dele. O rótulo é sempre algo imposto de fora pra dentro. Nem sempre expressa uma realidade. Não se auto impute um desmerecimento ou supervalorização falsos. O verdadeiro vencedor aprende a dar nomes às suas responsabilidades, projeta sua esperança não nas coisas que se veem, mas naquelas que são eternas. Assume seus erros, mas também consegue se alegrar com cada pequenino passo em direção à Vida. Sabe perdoar e também pedir perdão. O sofrimento dói, mas nos amadurece, nos ensina a reconhecer o que de fato podemos chamar de vitória.


O Deus que venceu por todos te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Se eu não tiver amor



Pablo Massolar
"Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria..." este é um conhecido refrão de uma das músicas de Renato Russo, compositor e intérprete da banda Legião Urbana e também o trecho de uma das cartas que o apóstolo Paulo escreveu à igreja de Corinto, no Novo Testamento.

A poesia de Renato lida inteira, na verdade, pouco tem a ver com o contexto macro de I Corintios 13, que trata do amor ágape, o amor que tudo sofre, tudo espera e tudo crê sem precisar de nada em troca.

Renato interpreta de forma equivocada e míope o amor de I Coríntios como sendo o amor eros, o amor da atração sexual, do namoro. O amor sexual depende da troca, do alimento diário de carinho, depende do apelo sensual, dos jogos de sedução e tantos outros elementos que fazem um homem e uma mulher se apaixonarem, por exemplo.

Nada errado em se amar assim. É bom! É prazeroso! Mas o texto da carta do apóstolo Paulo vai muito além da troca disputada e acariciada deste amor.

O amor eros um dia passa, um dia se esfria e perde o vigor. Até mesmo o amor phileo, o amor dos amigos, dos filhos e pais perde força e muitas vezes não consegue ser correspondido à altura e se frustra. Mas o amor ágape permanece inviolável, inabalável. Perdoa mesmo sem vontade ou sem forças. Perdoa o imperdoável. Acredita no inacreditável, não de forma boba ou inconsciente, mas dá nova chance. Diz a verdade, mesmo que seja dura, quando preciso. Se doa mesmo sabendo que não receberá nada em troca. Este amor é aprendido, exercitado e alimentado no amor eterno de Deus. A Graça de Deus é ágape e reside aí a necessidade de, como filhos de Deus, aprendermos a desenvolver o amor ágape nas nossas relações interpessoais.

João, na sua 1ª carta, diz: "Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor" e ainda "Se alguém diz: eu amo a Deus, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê".

O amor de Deus nos reconciliou com ele por Graça, sem que nós merecêssemos, sem esforço da nossa parte, mesmo que não consigamos ficar de pé por muito tempo e tantas vezes caiamos e erremos novamente. O amor de Deus opera em nós, mesmo enquanto andamos no erro, no pecado.

Jesus ensina que devemos amar assim também. O perdão, graça e bênçãos que recebemos de Deus devem ser devolvidos àqueles que estão à nossa volta. Todos! O amor ágape não ama só quem devolve amor, mas ama também ao que o odeia, ao que nem se sabe amado ou o despreza.

O amor ágape é livre e não é privilégio de qualquer grupo em particular. É para todos. Vai onde ninguém se dispõe a ir, consegue romper os grilhões da maldade, da morte e opera doando-se abundantemente, sem ressentimento. Não conhece nomes, títulos ou passado. Não diz: "eu te amo enquanto me amares", mas ama poderosamente em oração e lágrimas se preciso, mas ama.

Ágape é um dom, um presente gratuito. Imerecido! Por isso se perpetua sem precisar do incentivo ou de "fazer por onde". Ágape dá a vida não somente pelos amigos, mas também pelos inimigos e deseja que sua vingança seja sempre transformada no abraço apertado do perdão, da reconstrução do caminho em direção à vida e não à morte.

O convite de Deus é sempre ao amor ágape. Este é o princípio e a finalidade de todas as coisas. Nele somos aperfeiçoados pelo e para o amor. Se não for assim, nada seremos, ainda que façamos chover curas, milagres e profecias.

Amamos nossos inimigos e ofensores com amor ágape ou exercemos sobre eles apenas o phileo enquanto durar nosso ânimo?

Vivemos o que pregamos como verdade ou nos conformamos nas nossas próprias fraquezas como desculpa para nada fazer ou falar?

Estamos mesmo dispostos a amar com tamanha entrega e viceralidade até as últimas consequências na Graça e no poder de Deus?

Particularmente, eu acredito que um dia todos nós seremos julgados não meramente pelo que fizemos de certo ou errado, pelo pecado que cometemos. Mas seremos medidos pelo bem que deixamos de fazer, pelo perdão que nos recusamos a oferecer e pela mão que não estendemos como graça aos nossos inimigos.

Paulo termina sua carta dizendo que no final de todas as coisas, de todos os tempos, poderes e universos, permanecerão apenas a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes três é o amor.



O Deus que nos ama sem merecermos nos ensine a amar sem merecimento e nos abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!


A igreja sem porta



Bom seria se todos pudessem enxergar que o Cordeiro de Deus tirou o pecado do mundo e que agora, já, neste exato momento, eternamente, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

A Lei acabou! Sim! O fim da Lei é Cristo para salvação de todo aquele que Nele crê! Toda dívida de morte e de sangue promulgada contra os homens foi paga integralmente! Está consumado para sempre! A cruz venceu! A loucura da cruz, do sacrifício eterno do sangue derramado pelo Cordeiro Eterno, aboliu de uma vez por todas outros sacrifícios e rasgou o véu da separação entre a humanidade e Deus.

Só não vê quem se faz de cego, quem tem medo da vida. Porque o Espírito da Vida é para todos os que creem, para todos os que se perceberam salvos no amor eterno do Deus que se entregou por toda a criação, por todo o universo.

Sim! A cruz alcançou redentoramente todas as galáxias. Libertou as extremidades acorrentadas do universo. Andrômeda e todos os buracos negros, estrelas anãs e cometas foram salvos. Um dia, por Graça e Misericórdia, se converterão em novos céus e nova terra. A criação encontra-se em dores de parto, para dar à luz o conhecimento de Deus. As dores são fortes, os gemidos são ouvidos por muitos e muitos anos, mas os filhos da Luz se levantarão glorificados, transformados, renascidos eternamente com as vestes lavadas no sangue do Cordeiro de Deus.

Homens e estrelas se converterão num eterno cântico de adoração ao Rei Eterno e Imortal.

Nuvens de testemunhas se aglomeram para receber os novos irmãos e irmãs que vão sendo feitos nesta igreja sem portas, sem muros, sem nomes ou fronteiras. A Igreja de Deus é invisível, indomável e não conhece outra forma de servir e adorar a Deus que não seja "onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome". Simples assim, em todo e qualquer lugar... Com toda e qualquer pessoa.

Esses irmãos não são salvos pela frequência aos templos, não são salvos por terem seus nomes arrolados nos livros humanos, não ostentam tradições ou formas de culto, mas se encontram salvos e perdoados pela Graça de Deus. Somente por Graça e Misericórdia são salvos, nada além disso. Isto é fruto da bondade de Deus. Sim! Deus é amor!

A igreja com portas tem medo da igreja sem portas. Claro! Os maus ensinam que a salvação acontece somente da porta para dentro. Querem impor suas próprias vontades e espoliar os bens dos insensatos. Mas quem realmente encontra a salvação a encontra no aprisco do Bom Pastor que não conhece fronteiras nem de culturas nem de língua, muito menos de institucionalidade. O Bom Pastor dá de graça a vida sem exigir nada em troca. Bebam de graça da Água da Vida, sem sacrifícios e sem ofertas! É o que está escrito.

Para a liberdade foi que o Eterno Sumo Sacerdote nos reuniu neste culto, nesta celebração chamada chão da vida. No Cordeiro o culto é eterno, não acontece somente aos domingos, mas flui incessantemente no respirar e andar de cada um que é chamado de filho.

A Nova Aliança foi escrita na carne dos corações desta gente cansada e sobrecarregada que aprendeu a entregar seus fardos para quem é Manso e Suave. Nele não há mais medo, não há mais lágrimas de morte. Até quem já morreu Nele encontra a Vida Eterna.

Os céticos duvidam, os pessimistas tentam desconstruí-lo, os medrosos tentam parar de ouvir Sua voz, mas o testemunho do Espírito sopra poderosa e calmamente. Um dia todo olho o verá, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Ele é Senhor absoluto de toda a existência. No dia em que o mar devolver os seus mortos, todos saberão.

Senhor da Vida é o seu nome! Venceu a morte para sempre! Assim será o cântico eterno.



O Deus que faz o convite para a vida te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!