quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

É proibido sofrer!


Pablo Massolar
"É proibido sofrer!" Esta é a mensagem que vemos sendo anunciada em quase todos os lugares. Talvez nem sempre dita assim tão explícita, mas percebemos suas variações quando também se diz: "pare de sofrer!", "tenha uma vida vitoriosa!", "Você nasceu para ser cabeça e não cauda!", "decrete e profetize sua vitória!", "tome posse pela fé!" e tantas outras ordens e palavras que, na cabeça de muita gente, vira uma espécie de anestésico contra as dores que os problemas da vida provocam na gente.

A sociedade atual se esconde do sofrimento e o nega porque ele desmascara nossas fragilidades. A questão é que a ferida continua aberta, a infecção vai se alastrando cada vez mais, a doença emocional vai se enraizando, vai matando lentamente, mas seus efeitos são maquiados pela não sensação de dor. Se esquecem que o próprio sofrimento pode ser uma bênção, pois ele nos avisa sobre a necessidade de que algo deve ser feito.

Embora haja fundamento bíblico para nos dizermos mais do que vencedores por meio de Jesus, esta palavra "vencedores" não segue o modelo e o padrão moderno de entendimento do que seja vencedor segundo a ganância dos homens. O perfil do vencedor moderno é aquele que até pode passar por alguma dificuldade, mas consegue tudo o que quer. Sempre vence as dificuldades virando o jogo com palavras mágicas. Nunca demonstra em público suas fraquezas. Este é o vencedor das externalidades, da futileza, do terno Armani, da bolsa Louis Vuitton, do carro de luxo, de ter dinheiro, poder e influência sobre a vida das pessoas. É o que se faz vencedor pela força bruta, é o indestrutível. Infelizmente, este tipo de vencedor é anunciado adoecida e insistentemente em muitos púlpitos. Quem não se enquadra nesse padrão é rapidamente chamado de "sem fé", amaldiçoado, fraco ou derrotado.

Já, o Vencedor, segundo o Evangelho, é aquele que também sofre, também passa por algum tipo de privação, pode até vencer de alguma forma material, mas sabe discernir entre o momento de rir e o de chorar. Aprende a viver cada um destes momentos reconhecendo que há um Deus que não somente assiste, mas participa com a gente, ao nosso lado, de cada riso ou lágrima e usa essas coisas também como ensino e crescimento para cada um de nós.

Perder ou ganhar, ser fraco ou forte, no entendimento bíblico, não depende do troféu humano, das honrarias, homenagens, recompensas e reconhecimentos que se recebe em vida.

Vencer não tem a ver necessariamente com possuir bens ou ser curado de uma doença terminal. Estas coisas também, mas elas não tratam da essência. Estão na superfície de uma vida muito mais profunda, muito além de ter ou não os seus sonhos e pedidos realizados.

Aqueles que vencem ou venceram, nas Escrituras, perderam o mundo para ganhar a Vida. Alguns foram perseguidos, torturados, mortos, tiveram seus bens espoliados, famílias separadas. A maioria não foi nenhum exemplo de sucesso de empreendedorismo, de força de vontade ou estabilidade emocional. Passaram fome, fugiram, tiveram medo, alguns desistiram ou abandonaram seus projetos e chamados missionários, antes do tempo. Tiveram crises existenciais, ficaram deprimidos, se sentiram enfraquecidos, desejaram morrer mas foram salvos e reencaminhados não por suas próprias forças, mas pela Graça infinita, teimosa e amorosa de Deus. O verdadeiro vencedor é aquele que vence não por ele mesmo, mas vencido, vence em Deus.

O vencedor, segundo as Escrituras, sabe que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, mas nem por isso deixa de se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram. Vive cada sentimento de forma verdadeira, sem máscaras e consciente.

Nesta vida ainda vamos perder e achar muitas coisas, muitas vezes. Alguns sonhos pessoais jamais serão alcançados, outros virão como que presentes de Deus para nossas mãos. Não se permita ser julgado pelos outros ou pela própria consciência por causa do que você ganha ou deixa de ganhar. O importante é, como diria nosso irmão Paulo, o apóstolo: "quer vivamos ou morramos, somos do Senhor." (Romanos 14.8). Em outras palavras, desta vez, ditas por Jó "o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o seu nome." (Jó 1.21).

O sofrimento em si não nos torna derrotados. Podemos, sim, aprender e sermos aperfeiçoados por causa dele. O rótulo é sempre algo imposto de fora pra dentro. Nem sempre expressa uma realidade. Não se auto impute um desmerecimento ou supervalorização falsos. O verdadeiro vencedor aprende a dar nomes às suas responsabilidades, projeta sua esperança não nas coisas que se veem, mas naquelas que são eternas. Assume seus erros, mas também consegue se alegrar com cada pequenino passo em direção à Vida. Sabe perdoar e também pedir perdão. O sofrimento dói, mas nos amadurece, nos ensina a reconhecer o que de fato podemos chamar de vitória.


O Deus que venceu por todos te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Se eu não tiver amor



Pablo Massolar
"Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria..." este é um conhecido refrão de uma das músicas de Renato Russo, compositor e intérprete da banda Legião Urbana e também o trecho de uma das cartas que o apóstolo Paulo escreveu à igreja de Corinto, no Novo Testamento.

A poesia de Renato lida inteira, na verdade, pouco tem a ver com o contexto macro de I Corintios 13, que trata do amor ágape, o amor que tudo sofre, tudo espera e tudo crê sem precisar de nada em troca.

Renato interpreta de forma equivocada e míope o amor de I Coríntios como sendo o amor eros, o amor da atração sexual, do namoro. O amor sexual depende da troca, do alimento diário de carinho, depende do apelo sensual, dos jogos de sedução e tantos outros elementos que fazem um homem e uma mulher se apaixonarem, por exemplo.

Nada errado em se amar assim. É bom! É prazeroso! Mas o texto da carta do apóstolo Paulo vai muito além da troca disputada e acariciada deste amor.

O amor eros um dia passa, um dia se esfria e perde o vigor. Até mesmo o amor phileo, o amor dos amigos, dos filhos e pais perde força e muitas vezes não consegue ser correspondido à altura e se frustra. Mas o amor ágape permanece inviolável, inabalável. Perdoa mesmo sem vontade ou sem forças. Perdoa o imperdoável. Acredita no inacreditável, não de forma boba ou inconsciente, mas dá nova chance. Diz a verdade, mesmo que seja dura, quando preciso. Se doa mesmo sabendo que não receberá nada em troca. Este amor é aprendido, exercitado e alimentado no amor eterno de Deus. A Graça de Deus é ágape e reside aí a necessidade de, como filhos de Deus, aprendermos a desenvolver o amor ágape nas nossas relações interpessoais.

João, na sua 1ª carta, diz: "Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor" e ainda "Se alguém diz: eu amo a Deus, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê".

O amor de Deus nos reconciliou com ele por Graça, sem que nós merecêssemos, sem esforço da nossa parte, mesmo que não consigamos ficar de pé por muito tempo e tantas vezes caiamos e erremos novamente. O amor de Deus opera em nós, mesmo enquanto andamos no erro, no pecado.

Jesus ensina que devemos amar assim também. O perdão, graça e bênçãos que recebemos de Deus devem ser devolvidos àqueles que estão à nossa volta. Todos! O amor ágape não ama só quem devolve amor, mas ama também ao que o odeia, ao que nem se sabe amado ou o despreza.

O amor ágape é livre e não é privilégio de qualquer grupo em particular. É para todos. Vai onde ninguém se dispõe a ir, consegue romper os grilhões da maldade, da morte e opera doando-se abundantemente, sem ressentimento. Não conhece nomes, títulos ou passado. Não diz: "eu te amo enquanto me amares", mas ama poderosamente em oração e lágrimas se preciso, mas ama.

Ágape é um dom, um presente gratuito. Imerecido! Por isso se perpetua sem precisar do incentivo ou de "fazer por onde". Ágape dá a vida não somente pelos amigos, mas também pelos inimigos e deseja que sua vingança seja sempre transformada no abraço apertado do perdão, da reconstrução do caminho em direção à vida e não à morte.

O convite de Deus é sempre ao amor ágape. Este é o princípio e a finalidade de todas as coisas. Nele somos aperfeiçoados pelo e para o amor. Se não for assim, nada seremos, ainda que façamos chover curas, milagres e profecias.

Amamos nossos inimigos e ofensores com amor ágape ou exercemos sobre eles apenas o phileo enquanto durar nosso ânimo?

Vivemos o que pregamos como verdade ou nos conformamos nas nossas próprias fraquezas como desculpa para nada fazer ou falar?

Estamos mesmo dispostos a amar com tamanha entrega e viceralidade até as últimas consequências na Graça e no poder de Deus?

Particularmente, eu acredito que um dia todos nós seremos julgados não meramente pelo que fizemos de certo ou errado, pelo pecado que cometemos. Mas seremos medidos pelo bem que deixamos de fazer, pelo perdão que nos recusamos a oferecer e pela mão que não estendemos como graça aos nossos inimigos.

Paulo termina sua carta dizendo que no final de todas as coisas, de todos os tempos, poderes e universos, permanecerão apenas a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes três é o amor.



O Deus que nos ama sem merecermos nos ensine a amar sem merecimento e nos abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!


A igreja sem porta



Bom seria se todos pudessem enxergar que o Cordeiro de Deus tirou o pecado do mundo e que agora, já, neste exato momento, eternamente, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

A Lei acabou! Sim! O fim da Lei é Cristo para salvação de todo aquele que Nele crê! Toda dívida de morte e de sangue promulgada contra os homens foi paga integralmente! Está consumado para sempre! A cruz venceu! A loucura da cruz, do sacrifício eterno do sangue derramado pelo Cordeiro Eterno, aboliu de uma vez por todas outros sacrifícios e rasgou o véu da separação entre a humanidade e Deus.

Só não vê quem se faz de cego, quem tem medo da vida. Porque o Espírito da Vida é para todos os que creem, para todos os que se perceberam salvos no amor eterno do Deus que se entregou por toda a criação, por todo o universo.

Sim! A cruz alcançou redentoramente todas as galáxias. Libertou as extremidades acorrentadas do universo. Andrômeda e todos os buracos negros, estrelas anãs e cometas foram salvos. Um dia, por Graça e Misericórdia, se converterão em novos céus e nova terra. A criação encontra-se em dores de parto, para dar à luz o conhecimento de Deus. As dores são fortes, os gemidos são ouvidos por muitos e muitos anos, mas os filhos da Luz se levantarão glorificados, transformados, renascidos eternamente com as vestes lavadas no sangue do Cordeiro de Deus.

Homens e estrelas se converterão num eterno cântico de adoração ao Rei Eterno e Imortal.

Nuvens de testemunhas se aglomeram para receber os novos irmãos e irmãs que vão sendo feitos nesta igreja sem portas, sem muros, sem nomes ou fronteiras. A Igreja de Deus é invisível, indomável e não conhece outra forma de servir e adorar a Deus que não seja "onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome". Simples assim, em todo e qualquer lugar... Com toda e qualquer pessoa.

Esses irmãos não são salvos pela frequência aos templos, não são salvos por terem seus nomes arrolados nos livros humanos, não ostentam tradições ou formas de culto, mas se encontram salvos e perdoados pela Graça de Deus. Somente por Graça e Misericórdia são salvos, nada além disso. Isto é fruto da bondade de Deus. Sim! Deus é amor!

A igreja com portas tem medo da igreja sem portas. Claro! Os maus ensinam que a salvação acontece somente da porta para dentro. Querem impor suas próprias vontades e espoliar os bens dos insensatos. Mas quem realmente encontra a salvação a encontra no aprisco do Bom Pastor que não conhece fronteiras nem de culturas nem de língua, muito menos de institucionalidade. O Bom Pastor dá de graça a vida sem exigir nada em troca. Bebam de graça da Água da Vida, sem sacrifícios e sem ofertas! É o que está escrito.

Para a liberdade foi que o Eterno Sumo Sacerdote nos reuniu neste culto, nesta celebração chamada chão da vida. No Cordeiro o culto é eterno, não acontece somente aos domingos, mas flui incessantemente no respirar e andar de cada um que é chamado de filho.

A Nova Aliança foi escrita na carne dos corações desta gente cansada e sobrecarregada que aprendeu a entregar seus fardos para quem é Manso e Suave. Nele não há mais medo, não há mais lágrimas de morte. Até quem já morreu Nele encontra a Vida Eterna.

Os céticos duvidam, os pessimistas tentam desconstruí-lo, os medrosos tentam parar de ouvir Sua voz, mas o testemunho do Espírito sopra poderosa e calmamente. Um dia todo olho o verá, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Ele é Senhor absoluto de toda a existência. No dia em que o mar devolver os seus mortos, todos saberão.

Senhor da Vida é o seu nome! Venceu a morte para sempre! Assim será o cântico eterno.



O Deus que faz o convite para a vida te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!
 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O VALOR DOS PAIS



Um jovem de nível acadêmico excelente, candidatou-se à posição de gerente de uma grande empresa. Passou na primeira entrevista e o diretor fez a última. O diretor descobriu, através do currículo, que as suas realizações acadêmicas eram excelentes em todo o percurso, desde o secundário até à pesquisa da pós-graduação e não havia um ano em que não tivesse pontuado com nota máxima.

O diretor perguntou: 
"Tiveste alguma bolsa na escola?"
O jovem respondeu: "nenhuma".
O diretor perguntou: "Foi seu pai quem pagou as suas mensalidades ?

O jovem respondeu: "O meu pai faleceu quando eu tinha apenas um ano, foi a minha mãe quem pagou as minhas mensalidades."
O diretor perguntou: "Onde trabalha a sua mãe?" 

O jovem respondeu: "A minha mãe lava roupa."
O diretor pediu que o jovem lhe mostrasse as suas mãos. O jovem mostrou um par de mãos macias e perfeitas.

O diretor perguntou: "Alguma vez ajudou sua mãe lavar as roupas?" 

O jovem respondeu: "Nunca, a minha mãe sempre quis que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, a minha mãe lava a roupa mais depressa do que eu."
O diretor disse: "Eu tenho um pedido. Hoje, quando voltar, vá e limpe as mãos da sua mãe e depois venha ver-me amanhã de manhã."
O jovem sentiu que a possibilidade de obter o emprego era alta. Quando chegou em casa, pediu, feliz, à mãe que o deixasse limpar as suas mãos. A mãe achou estranho, estava feliz, mas com um misto de sentimentos e mostrou as suas mãos ao filho. O jovem limpou lentamente as mãos da mãe. Uma lágrima escorreu-lhe enquanto o fazia. Era a primeira vez que reparava que as mãos da mãe estavam muito enrugadas e havia demasiadas contusões nas suas mãos. Algumas eram tão dolorosas que a mãe se queixava quando limpava com água. Esta era a primeira vez que o jovem percebia que este par de mãos que lavavam roupa todo o dia tinham-lhe pago as mensalidades. As contusões nas mãos da mãe eram o preço a pagar pela sua graduação, excelência acadêmica e o seu futuro. Após acabar de limpar as mãos da mãe, o jovem silenciosamente lavou as restantes roupas pela sua mãe. Nessa noite, mãe e filho falaram por um longo tempo. Na manhã seguinte, o jovem foi ao gabinete do diretor.

O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do jovem e perguntou: 
"Diz-me, o que fez e que aprendeu ontem em sua casa?"
O jovem respondeu: "Eu limpei as mãos da minha mãe e ainda acabei de lavar as roupas que sobraram."
O diretor pediu: "Por favor, diz-me o que sentiu."
O jovem disse "Primeiro, agora sei o que é dar valor. Sem a minha mãe, não haveria um eu com sucesso hoje. Segundo, ao trabalhar e ajudar a minha mãe, só agora percebi a dificuldade e dureza que é ter algo pronto. Em terceiro, agora aprecio a importância e valor de uma relação familiar."

O diretor disse, "Isto é o que eu procuro para um gerente. Eu quero recrutar alguém que saiba apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conheça o sofrimento dos outros para terem as coisas feitas e uma pessoa que não coloque o dinheiro como o seu único objetivo na vida. Está contratado."

Mais tarde, este jovem trabalhou arduamente e recebeu o respeito dos seus subordinados. Todos os empregados trabalhavam diligentemente e como equipe. O desempenho da empresa melhorou tremendamente.

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CONCLUSÕES:Uma criança muito protegida, que tem habitualmente tudo o que quer, sempre se colocará em primeiro lugar, vai se posicionar como o centro das atenções. Vai ignorar os esforços das outras pessoas e também dos seus pais e, quando começar a trabalhar, vai achar que todas as pessoas devem ouvi-lo. Se por ventura se tornar gerente, nunca saberá o sofrimento dos seus subordinados e sempre culpará os outros pelos insucessos. Este tipo de pessoa (protegida), pode até ser boa academicamente, pode ser bem sucedida por um determinado tempo, mas não sentirá a sensação de objetivo atingido. Estará continuamente insatisfeito. 

Se somos esse tipo de pais, estamos realmente a mostrar amor ou estamos a destruir o nosso filho?

Podemos deixar nossos filhos viverem numa grande casa, com boas refeições, aprendendo piano e vendo televisão numa grande TV em plasma. Mas quando cortar a grama, por favor, deixe-os participar deste trabalho. Depois da refeição, deixe-os lavar o seus pratos juntamente com os seus irmãos e irmãs. Faça-os guardarem seus brinquedos e arrumarem sua própria cama. Isto, deve ser feito mesmo que se tenha dinheiro para contratar uma empregada, porque. amar é ensinar como as coisas devem ser. Eles precisam entender que não interessa o quão ricos os seus pais sejam, pois um dia eles (pais) irão envelhecer, tal como a mãe daquele jovem. Agir desta forma, nada mais é do que proporcionar aos filhos o aprendizado sobre esforço, experiência, habilidades e dificuldades que a vida pode a qualquer momento nos oferecer. É Preciso que nossos filhos descubram.... 
O valor dos pais 

Um dos mais bonitos textos sobre educação familiar que já li.. 
Leitura obrigatória para nós pais e, principalmente, para os filhos.
Demais!!!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Estar longe gera medo

Pastor Weslley Pardinho

Missão Evangélica Vivendo em Cristo de Sumaré
mvivendoemcristo@gmail.com

Mt 14.22-33

Algo que sempre estará nos rodeando, querendo nos pegar de surpresa. Isso é um fato marcante e infelizmente estamos sujeitos a isso. São tantas coisas que não sei numerá-las, porém o que quero falar nesta ocasião é sobre o medo, sim, um sentimento presente em vários momentos do nosso dia a dia como, medo de decidir, medo do inesperado, medo das reações e esse gera sintomas nos ser humano. Com isso o medo está à porta esperando distanciarmos das razões, pensamentos e principalmente aqueles que tem como base do seu viver um Deus único representado em seu filho Jesus Cristo ele vem é toma conta.

Todos nós temos medo quando não reconhecemos Jesus Cristo ao nosso lado, em nosso viver, no nosso dia a dia, não quero dizer que tem que o ter como um amuleto, porém ele não é apenas um amuleto, Ele é a razão da segurança de todo o ser que viver sobre essa terra, quando assim crê nEle e que Ele é a razão dessa confiança.

No texto de que o evangelista Mateus escreve em no evangelho de Jesus Cristo, mostra-nos dois sintomas que o medo faz no homem, quando não consegue reconhecer Jesus Cristo em seu lado, em seu viver, no seu dia a dia. Eu gostaria de apresentar esses dois sintomas que reflete no homem e na mulher, na sociedade.

E o primeiro sintoma que o medo faz no homem, quando não reconhece Jesus é que ele fica aterrorizado – Quando o viram andando sobre o mar, ficaram aterrorizados e disseram: "É um fantasma! " E gritaram de medo. - vers. 26 . Medo é um sentimento inquietante que se tem diante do perigo ou ameaça; fobia; pavor; terror. Isso é o significado de medo, um sentimento que tenta fazer parte do nosso dia a dia, e as situações querem produzir isso em nosso viver, sejam por decisões a ser tomada, as dificuldades sejam no trabalho, na escola, faculdade, tudo isso tende a querer provocar em nós medo.

Um grande homem de Deus, profeta, cheio de ação, corajoso, João Batista, em seu momento sozinho na prisão, prestes a ser morto, preocupou-se, sentiu medo. Não via o que Jesus já fizera, mas teve um momento particular com Jesus seu primo, no batismo, na decida do Espírito Santo, mas se distanciou e continuou com seu ministério. Só que estava longe agora, sozinho, aterrorizado, sentiu medo. Foi o inesperado a ele saber que pediram a sua cabeça, porém estando ali preso – pensou: meus discípulos, trajetória preparando o caminho - gerou medo em seu coração.

O inesperado pode vir, porém, não pode nos encontrar longe de Jesus. Estar longe de Cristo, é a oportunidade em que tudo tem para influenciar o nosso viver, por isso quero lhe alertar estar perto de Cristo, viver ao lado de Jesus Cristo, amando, servindo, conhecendo de fato a Cristo, fecha-se a porta para o medo do inesperado, pois sempre estará pronto.

O segundo sintoma que o medo faz no homem, quando não reconhece Jesus é o brotar no coração, na mente a dúvida – "Senhor", disse Pedro, "se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas". - vers. 28. Quando o discípulo e apostolo Pedro diz, “se és Tu”, em seu sentido literal já brota uma dúvida, olha não sei se estou vendo um fantasma ou uma ilusão de ótica ou até mesmo coisa parecida, porém se és o Jesus com quem conhecemos, com quem andamos; vemos e sentimos nas palavras dele a dúvida.

Duvidar , ausência de certeza quanto a um fato, informação, ideia, etc. E o momento do nosso amado Pedro era assim. Chuva, vento, ondas e, em meio a isso tudo, vem alguém, andando sobre as águas, sendo em nossos tempos, já íamos dizer um ovni, um extra terrestre, não sei. Mas esse sentimento de dúvida, ainda mais quando há um contato, uma aparência com o conhecido. Já com medo do inesperado e com agora o contato vem a dúvida o que é e o que quer.

Sendo assim vemos um fator muito claro, o texto no vers. 28 que nos mostra isso. Em seguida, Jesus o chama, parece até estar cheio de fé e coragem, mas quando a nossa atitude está longe de Jesus, qualquer distração nos faz ter medo, duvidar então nos vê afundando. Um instante de desconcentração do foco da nossa fé, na nossa certeza. Assim aconteceu com Pedro.

Tudo tem que estar ligado, conectado ao nosso Cristo. Sem Ele, logo que pensamos que andamos sozinho já seremos deparados com os momentos da vida e aí o medo vem, a dúvida aparece, por isso nunca, nunca fique longe do Mestre Jesus. Pois é um fato, pois o resultado de ter medo é duvidar de como agir, duvidar se deve agir. Assim tendo Cristo sempre ativo em nós, nunca teremos dúvida que Ele está ao nosso lado e agiremos certos da vitória.

Precisamos estar perto de Jesus, pois o medo está nos de redores, buscando uma brecha, e com o medo vem a dúvida, quando estamos em Cristo totalmente ligados nele, não possibilidade para o medo e a dúvida, assim passamos e vencemos tudo que assim se apresenta em nosso viver. Então apelo é que nunca se distancie de Cristo Jesus o nosso Senhor e seus princípios, pois assim será uma pessoa corajosa e decidida em fazer o melhor em seu viver. 


 Pastor auxiliar da Missão Evangélica Vivendo em Cristo de Sumaré , cursando seminário no Instituto Bíblico de Campinas. Separado ao Ministério desde 11/03/2012, pelo ministério e graça do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A visão é turva


Pablo Massolar

pablo@massolar.com

Sonho com uma igreja onde o discipulado não seja visto essencialmente como um método de fazer crescer numericamente. Onde não sejam estabelecidas metas e cronogramas de crescimento e multiplicação, como fazem os gerentes de marketing das grandes corporações comerciais.

No Evangelho de Mateus, capítulo 10, quando Jesus enviou seus discípulos pelas cidades para pregar, ele não disse nada sobre quantidade ou taxa de sucesso. Não estabeleceu nenhuma estratégia de abordagem, a não ser a de quando entrassem em alguma casa, declarar: "paz sobre esta casa!", e se houvesse algum filho da Paz ali, ela repousaria sobre a pessoa. Jesus não fez grandes campanhas publicitárias, não disse nada para agradar as pessoas simplesmente com a intenção de atraí-las. Embora Jesus curasse muita gente e expulsasse demônios, não fazia propaganda disso. Ele apenas disse que era para anunciar a chegada do Reino de Deus e que haveria lugares que receberiam a Palavra e outros não. Simples assim.

O discipulado aprendido com Jesus e os apóstolos por todo o Novo Testamento não tem seu foco ou ênfase na multiplicação do número de pessoas alcançadas, mas no ensino da Palavra. As "células", ou reuniões nas casas, aconteciam na igreja primitiva com a finalidade de promover profunda comunhão e aprendizado prático entre a irmandade. Sim, eram uma grande família. Estavam mais para grupos de convivência do que simples reuniões de estudo superficial do texto bíblico e chá com biscoito. Tudo lhes era comum, inclusive as necessidades que alguns passavam. As ofertas eram recolhidas não para comprar terrenos, construir templos ou bancar a vida luxuosa dos líderes, mas para suprir as carências que os irmãos mais pobres tinham.

Muitos sinais e prodígios eram feitos pelos apóstolos, mas nem os milagres físicos eram tão prodigiosos quanto o amor vivido e proclamado naqueles dias pelos discípulos de Jesus, de forma contínua e verdadeira. Havia profundo temor no coração de todos, era um só o sentimento de comunhão e o Senhor acrescentava, todos os dias, os que iam sendo salvos.

Não tenho nada contra o crescimento numérico. É claro que eu quero que o Evangelho alcance muitas pessoas; se possível, todos os que estão a minha volta. Mas nem sempre os números frios sintetizam realidades espirituais muito para além das estatísticas. O problema é quando se faz do crescimento um deus e aí passa a valer qualquer estratégia, qualquer método e desculpa para atrair as pessoas. O foco passa de pregar o que É certo para pregar o que DÁ certo.

Vejo muitas igrejas cheias, lotadas de gente vazia, escravizadas por seus próprios interesses e desejos mesquinhos. Crentes não em Deus, mas no milagre prometido que às vezes demora para chegar, nas correntes infinitas de orações e sacrifícios pessoais.

São lugares onde as reuniões de oração agora são chamadas de campanha e têm, em alguns casos, sete dias ou sete semanas para fazer acontecer o milagre. Quem decreta o milagre não é Deus, mas o "homem de Deus", emocionado e eufórico. E "Deus" fica como que "obrigado" a realizar o que pedem através do ato profético e do sacrifício deixado no altar.

Nesses lugares, quem chega, e vai sendo chamado de discípulo, vai aprendendo a arte do proselitismo religioso/denominacional. São transformados em corretores da fé na plaquinha da igreja, o que é muito diferente da consciência de um só corpo e um só batismo pregado pelo apóstolo Paulo. Este modelo de igreja exige muito entretenimento, muita mudança exterior e asséptica, muito falso moralismo, mas que pouco tem a ver com as mudanças mais profundas até alcançar a mente de Cristo.

Será este o fim? Infelizmente, para este modelo de "igreja mercado", não vejo um futuro diferente. Queria estar errado, mas este modelo vai crescer muito ainda e se alastrar porque há uma demanda e um propósito para isso. A intenção é transmitir uma falsa sensação de conversão, sem compromisso real com a Palavra. As pessoas são carentes deste misticismo, e quando ele é feito em nome de "Jesus", parece que ganha validade. Suas mentes estão cauterizadas. São cegos guiando cegos. Pensam estar agindo em nome de Deus, mas o que é adorado nestes lugares é o poder dos seus próprios líderes.

Entretanto, a verdadeira igreja é de Deus. É invisível. Não tem fronteiras. As portas do inferno não prevalecem contra ela. Os discípulos de Jesus são identificados não pelo nome no letreiro de suas comunidades, mas pelo amor vivido e praticado visceralmente. O Evangelho não fica só no discurso, mas é ensinado e pregado com a própria vida, mesmo que seja preciso perdê-la.

A santidade ensinada não é externa, mas faz sentido e morada na vida, na caminhada dia após dia, mudando o caráter verdadeiramente. O compromisso com o outro não é o tapinha nas costas de quem diz: "estamos juntos", mas não se envolve até as últimas consequências. Este discipulado não acontece somente entre os que estão debaixo de uma "cobertura espiritual", não acontece somente na "célula", entre um grupo restrito ou em uma hora delimitada. O encontro com Deus não está marcado para um lugar isolado do mundo exterior. O Peniel de verdade é o Evangelho praticado na rua, no trabalho, na família e também fora da igreja.

O verdadeiro discipulado se aprende espiritualmente e não emotivamente. O fruto deste ensino até pode vir de forma numérica também, mas vem essencialmente na mudança provocada na vida dos discípulos.


O Deus que disse: "vá e faça discípulos de todas as nações" te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente! - por e-mail - www.ovelhamagra.com

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A Maldição do Homem Moderno


A.W. Tozer

Existe uma maldição antiga que permanece conosco até hoje — a disposição da sociedade humana de ser completamente absorvida por um mundo sem Deus.

Embora Jesus Cristo tenha vindo a este mundo, este é o pecado supremo dos incrédulos, o qual levou o homem a não sentir — nem sentirá — a presença dEle que permeia todas as coisas. O homem não pode ver a verdadeira Luz, tampouco pode ouvir a voz do Deus de amor e verdade.

Temos nos tornado uma sociedade “profana” — completamente envolvida em nada mais do que os aspectos físico e material desta vida terrena. Homens e mulheres se gloriam do fato de que são capazes de viver em casas luxuosas, vestir roupas de estilistas famosos e dirigir os melhores carros que o dinheiro pode comprar — coisas que as gerações anteriores nunca puderam ter.

Esta é a maldição que jaz sobre o homem moderno — ele é insensível, cego e surdo em sua prontidão de esquecer que existe um Deus. Aceitou a grande mentira e crença estranha de que o materialismo constitui a boa vida. Mas, querido amigo, você sabe que o seu grande pecado é este: a presença eterna de Deus, que alcança todas as coisas, está aqui, e você não pode senti-Lo de maneira alguma, nem O reconhece no menor grau? Você não está ciente de que existe uma grande e verdadeira Luz que resplandece intensamente e que você não pode vê-la? Você não tem ouvido, em sua consciência e mente, uma Voz amável sussurrando a respeito do valor e importância eterna de sua alma, mas, apesar disso, tem dito: “Não ouço nada?”

Muitos homens imprudentes e inclinados ao secularismo respondem: “Bem, estou disposto a agarrar minhas chances”. Que conversa tola de uma criatura frágil e mortal! Isto é tolice porque os homens não podem se dar ao luxo de agarrar as suas chances — quer sejam salvos e perdoados, quer sejam perdidos. Com certeza, esta é a grande maldição que jaz sobre a humanidade de nossos dias — os homens estão envolvidos de tal modo em seu mundo sem Deus, que recusam a Luz que agora brilha, a Voz que fala e a Presença que permeia e muda os corações.

Por isso, os homens buscam dinheiro, fama, lucro, fortuna, entretenimento permanente ou apego aos prazeres. Buscam qualquer coisa que lhes removam a seriedade do viver e que os impeça de sentir que há uma Presença, que é o caminho, a verdade e a vida.

Eu mesmo fui ignorante até aos 17 anos, quando ouvi, pela primeira vez, a pregação na rua e entrei numa igreja onde ouvi um homem citando uma passagem das Escrituras: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim... e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11. 28,29).

Eu era realmente pouco melhor do que um pagão, mas, de repente, fiquei muito perturbado, pois comecei a sentir e reconhecer a graciosa presença de Deus. Ouvi a voz dEle em meu coração falando indistintamente. Discerni que havia uma Luz resplandecendo em minhas trevas.

Novamente, andando pela rua, parei para ouvir um homem que pregava, em um cantinho, e dizia aos ouvintes: “Se vocês não sabem orar, vão para casa, ajoelhem-se e digam: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador”. Isso foi exatamente o que eu fiz. E Deus prometeu perdoar e satisfazer qualquer pessoa que estiver com bastante fome espiritual e muito interessado, a ponto de clamar: “Senhor, salva-me!”

Bem, Ele está aqui agora. A Palavra, o Senhor Jesus Cristo, se tornou carne e habitou entre nós; e ainda está entre nós, disposto e capaz de salvar. A única coisa que alguém precisa fazer é clamar com um coração humilde e necessitado: “ó Cordeiro de Deus, eu venho a Ti; eu venho a Ti!”

http://editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=203 - extraido

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Maior Perda



J. C. Ryle

Ryle serviu por quase 40 anos como ministro do Evangelho. Foi um escritor prolífico, um pregador vigoroso e um pastor fiel. Muitas de suas obras têm sido reeditadas e servido como fonte de instrução e consolo para o povo de Deus. A Editora Fiel publicou algumas de suas obras em português: o clássico “Santidade”; “Uma palavra aos moços”; “Fé genuína” e os quatro volumes de meditações nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.

“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro
e perder a sua alma?” (Marcos 8.36)

Estas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo deveriam ressoar em nossos ouvidos como o retinir de uma trombeta. Elas se referem aos nossos melhores e mais elevados interesses. Dizem respeito à nossa alma.

Que pergunta solene está contida nestas palavras da Escritura! Que imensa soma de beneficio e de perda elas propõem ao nosso cálculo! Onde está aquele que é capaz de avaliá-la? Onde está o matemático que não ficaria perplexo com essa soma? “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”

Desejo oferecer algumas observações para ressaltar e ilustrar a pergunta que o Senhor Jesus nos faz nesta passagem. Rogo a atenção séria de todos os que lêem este artigo... Oh! que todos os que assim o fizerem sintam mais profundamente do que nunca o valor de uma alma imortal. Descobrir o valor de nossa alma é o primeiro passo em direção ao céu.

Minha primeira observação é esta: todos nós temos uma alma imortal. Não me envergonho de começar... com estas palavras. Ouso dizer que elas parecem estranhas e tolas para alguns leitores. Ouso dizer que alguns exclamarão: “Quem não sabe de coisas como essas? Quem jamais pensou em duvidar que temos alma?” Mas não posso esquecer que o mundo está agora fixando sua atenção nas coisas materiais em uma proporção sobremodo extravagante. Vivemos numa era de progresso... Vivemos numa época em que as multidões estão cada vez mais absorvidas nas coisas terrenas... Vivemos num tempo em que há um falso esplendor nas coisas temporais e grande obscuridade nas coisas eternas... Em uma época como esta, como ministros de Cristo, temos o sagrado dever de retornar aos princípios elementares. Ai de nós, se não incutirmos nos homens esta pergunta de nosso Senhor a respeito da alma! Ai de nós, se não clamarmos: “O mundo não é tudo. A vida que agora temos na carne não é a única vida. Há uma vida por vir. Temos uma alma”.

Fixemos em nossa mente o grande fato de que todos levamos em nosso íntimo algo que não morrerá. O nosso corpo, que demanda tanto de nosso tempo e pensamentos, para aquecê-lo, vesti-lo, alimentá-lo e torná-lo satisfeito – este corpo não é todo o homem. É apenas a habitação temporária de um morador nobre, e esse morador é a alma imortal!

A morte que todos temos de sofrer um dia não é o fim do homem. Tudo não se acaba quando uma pessoa dá o último suspiro e o médico lhe faz a última visita; quando o caixão é fechado, e fazem-se os preparativos do funeral; quando se pronuncia, sobre o caixão, a frase “e o pó volte ao pó”; quando nosso lugar no mundo é ocupado, e a nossa ausência da sociedade não é mais percebida. Não, tudo não acaba naquele momento! O espírito do homem continua vivendo. Todos possuem uma alma imortal...

E se não podemos ver nossa alma? Não existem milhões de coisas que nos são invisíveis a olho nu? Que não comprovou isso por olhar através do telescópio ou do microscópio? Se não podemos ver nossa alma, podemos senti-la.

Quando estamos sozinhos no leito de enfermidade e isolados do mundo; quando consideramos o leito de morte de um amigo; quando vemos aqueles que amamos serem entregues ao sepulcro – em ocasiões como essas, quem não sabe os sentimentos que nos vêm à mente? Quem não sabe que em horas como essas surge, em nosso coração, algo dizendo-nos que há uma vida por vir e que todos, desde o mais vil ao mais nobre, têm alma imortal?...

Posso imaginar que, às vezes, vocês são tentados a pensar que este mundo é tudo e que o corpo é tudo que devemos cuidar. Resistam a essa tentação e descartem-na. Digam para si mesmos, cada manhã, quando levantam, e cada noite, quando se deitam para dormir: “A aparência deste mundo passa. A vida que tenho agora não é tudo. Existe algo mais importante do que negócios, dinheiro, prazer e comércio. Há uma vida por vir. Todos nós temos alma imortal”.

Esta é a minha segunda observação: uma pessoa pode perder a sua alma. Essa é a parte desagradável de meu assunto. Contudo, é a parte que não ouso, nem posso, ignorar. Não tenho simpatia por aqueles que profetizam apenas paz e ocultam dos homens o terrível fato de que eles podem perder sua alma. Sou um daqueles antigos ministros que crêem em toda Bíblia e em tudo que ela diz. Não posso achar na Escritura qualquer fundamento para a teologia eloqüente que agrada muitos em nossos dias, de acordo com a qual todos chegarão ao céu, no final.

Creio que existem verdadeiramente tanto o Diabo como o inferno. Creio também que a caridade não pode impedir os homens de perderem sua alma... Se você visse um cego caminhando em direção a um precipício, você não gritaria: “Pare”? Lancemos fora as idéias erradas a respeito de caridade... A maior caridade é apresentar a verdade às pessoas. A verdadeira caridade consiste em adverti-las com bastante clareza, quando estão em perigo. Caridade é incutir nelas a verdade de que podem perder a sua alma para sempre no inferno...

Fracos como somos em tudo que é bom, temos um grande poder de causar dano a nós mesmos. Você não pode salvar a sua própria alma... lembre-se disso! Não pode estabelecer sua paz com Deus. Não pode remover um único pecado. Não pode apagar nenhuma das graves ofensas registradas no livro de Deus contra você. Não pode mudar seu próprio coração. Mas há uma coisa que você pode fazer: pode perder sua própria alma...

Quem é responsável pela perda de nossa alma? Ninguém, exceto nós mesmos. Nosso sangue cairá sobre nossa própria cabeça. A culpa estará em nós mesmos. Não teremos ao que apelar no Último Dia, quando estivermos diante do grande Trono Branco e os livros forem abertos. Quando o Rei vier para ver seus convidados e disser: “Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial?” (Mt 22.12), ficaremos sem resposta. Nada justificará a perda de nossa alma.

Aonde vai a alma quando se perde? Há apenas uma resposta solene para essa pergunta. Há somente um lugar para onde ela pode ir – o inferno. Não existe algo como a aniquilação. A alma perdida vai àquele lugar onde o verme não morre e o fogo jamais se apaga – onde há escuridão e trevas, miséria e desespero para sempre. Ela vai para o inferno – o único lugar que lhe é adequado, visto que ela não está preparada para o céu. “Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl 9.17).

Vivemos em época de grandes tentações. O Diabo está agindo, bastante ocupado. A noite vai alta. O tempo é curto. Não perca a sua própria alma.

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Traduzido por: Pr. Wellington Ferreira
Copyright© Editora FIEL 2010
Extraído do capítulo “Nossa Alma”, no livro Old Paths, reimpresso por Banner of Truth Trust (http://www.banneroftruth.org/).
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Características Distintivas do Aconselhamento Cristão





Wayne Mack

Há vários anos, um crente da Holanda entrevistou-me a respeito do meu ponto de vista sobre o aconselhamento cristão. Ele estava viajando pelos Estados Unidos, fazendo perguntas a vários crentes que eram conselheiros e professores de aconselhamento a respeito da opinião deles sobre o que constitui o aconselhamento cristão. Disse ao meu entrevistador que todo aconselhamento digno de ser chamado cristão possui quatro características distintivas.


1. Aconselhamento centralizado em Cristo

Primeiramente, o aconselhamento cristão está consciente e abrangentemente centralizado em Cristo. O aconselhamento cristão atribui muito valor ao que Cristo é; ao que Ele fez por nós em sua vida, sua morte, sua ressurreição e seu envio do Espírito Santo; ao que Ele está fazendo por nós agora em sua intercessão, à direita do Pai, e ao que ainda fará por nós, no futuro. No aconselhamento cristão, o Cristo da Bíblia não é um acessório, um acréscimo com o qual podemos viver melhor. Pelo contrário, Ele está no centro, nos arredores e em todos os aspectos do aconselhamento. O aconselhamento centralizado em Cristo envolve o entendimento da natureza e das causas de nossas dificuldades humanas, bem como o entendimento das maneiras em que somos diferentes de Cristo em nossos valores, aspirações, desejos, pensamentos, escolhas, atitudes e reações. Resolver dificuldades relacionadas ao pecado inclui sermos pessoas redimidas e justificadas por Cristo, recebermos o perdão de Deus por meio de Cristo e obtermos dEle o poder que nos capacita a substituir padrões de vida pecaminosos e anticristãos por um modo de viver piedoso e semelhante ao de Cristo.


2. Aconselhamento centralizado na salvação

Um conselheiro cristão é um crente que expressa sua fé, de modo consciente e abrangente, em sua perspectiva a respeito da vida. O aconselhamento verdadeiramente cristão é realizado por indivíduos que experimentaram a obra regeneradora do Espírito Santo, que vieram a Cristo, através do arrependimento e da fé, que O reconheceram como Senhor e Salvador de suas vidas e que desejam viver em obediência a Ele; são pessoas cujo principal objetivo da vida é exaltar a Cristo e glorificar o nome dEle. Os conselheiros verdadeiramente cristãos são pessoas que crêem no fato de que, se Deus não poupou seu próprio Filho (de ir à cruz e de morrer ali), mas O entregou (à cruz e à morte) por nós (em nosso favor e em nosso lugar, como nosso substituto), Ele nos dará graciosamente tudo que necessitamos para uma vida eficiente e produtiva (para nos transformar na própria imagem de seu Filho, na totalidade de nosso ser). O aconselhamento verdadeiramente cristão é realizado por aqueles cujas convicções teológicas influenciam, permeiam e controlam sua vida pessoal, bem como sua teoria e prática de aconselhamento.


3. Aconselhamento centralizado na Igreja

Outra característica distintiva do aconselhamento verdadeiramente cristão é que ele estará centralizado, de modo consciente e abrangente, na Igreja. As Escrituras deixam claro que a igreja local é o instrumento primário pelo qual Deus realiza sua obra no mundo. A igreja local é o instrumento designado por Ele para chamar o perdido a Si mesmo e o ambiente no qual Ele santifica e transforma seu povo na própria semelhança de Cristo. De acordo com as Escrituras, a Igreja é a casa de Deus, a coluna e o baluarte da verdade; é o instrumento que Ele utiliza para ajudar seu povo a despojar-se da velha maneira de viver (hábitos, estilo de vida, maneiras de pensar, sentimentos, escolhas e atitudes características da vida sem Cristo) e vestir-se do novo homem (uma nova maneira de viver com pensamentos, escolhas, sentimentos, atitudes, valores, reações, estilo de vida e hábitos semelhantes ao de Cristo (ver 1 Timóteo 3.15; Efésios 4.1-32).


4. Aconselhamento centralizado na Bíblia

Finalmente, o aconselhamento verdadeiramente cristão está fundamentado, de modo consciente e abrangente, na Bíblia, extraindo dela a sua compreensão a respeito de quem é o homem, da natureza de seus problemas, dos “porquês” destes problemas e de como resolvê-los. Em outras palavras, o conselheiro precisa estar comprometido, de modo consciente e envolvente, com a suficiência das Escrituras para resolver e compreender todas dificuldades não-físicas, relacionadas ao pecado, que afetam o próprio indivíduo e seu relacionamento com os outros. Muitos em nossos dias se declaram conselheiros cristãos, mas não afirmam a suficiência das Escrituras. Em vez disso, eles crêem que precisamos de discernimento proveniente de teorias psicológicas e extra bíblicas para compreendermos e ajudarmos as pessoas, especialmente se elas têm problemas sérios. Para tais conselheiros, a Bíblia possui autoridade apenas designadora (ou seja, como um instrumento que nomeia) e não funcional (atual, genuína e respeitada quanto à pratica) no aconselhamento. Estes conselheiros reconhecem que a Bíblia é a Palavra de Deus e, por isso, digna de respeito, mas, quando se refere a entender e resolver muitos dos problemas autênticos da vida, eles crêem que a Bíblia possui valor limitado. Onde quer e por quem quer que seja realizado esse tipo de aconselhamento, somos convencidos de que, embora o conselheiro seja um crente, seu aconselhamento é sub-cristão, porque não está fundamentado, de modo consciente e abrangente, na Bíblia. Estas quatro características distintivas do aconselhamento não constituem assuntos que podemos deixar de lado. Também não são “uma tempestade num copo d’água”. Pelo contrário, elas são o âmago de qualquer aconselhamento digno do nome “cristão”. Visto que entendemos estas características como o ensino da Palavra de Deus sobre o aconselhamento, elas determinam o modelo de nossos cursos de graduação e pós-graduação em aconselhamento.

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Aconselhamento pré-nupcial, pornografia e casamento





Winston Smith
Uma entrevista com Winston Smith
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Winston T. Smith é o diretor de aconselhamento na Christian Counseling and Educational Foundation e tem experiência ampla como conselheiro familiar e conjugal. Ele é autor de muitos artigos sobre aconselhamento e do livro Rest (Descanso). Atualmente, está escrevendo um livro sobre casamento.
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Como age a sabedoria convencional

9Marcas: Qual é a sabedoria convencional para se obter um casamento saudável e feliz entre os cristãos evangélicos? Você difere da sabedoria convencional? De que maneira?

Winston Smith: Creio que a palavra da moda — não somente para os crentes, mas para todos os casamentos — parece ser compatibilidade. A ideia é a de que você precisa achar sua “alma gêmea” ou a pessoa mais compatível com você.

Há algo ardiloso na ideia de compatibilidade. Existe uma sabedoria elementar a respeito de compatibilidade que achamos em Provérbios. O casamento se torna mais difícil quando você se casa com uma pessoa da qual não gosta. “O gotejar contínuo no dia de grande chuva e a mulher rixosa são semelhantes.” Você não deve se casar com uma pessoa da qual não gosta ou com a qual não se relaciona bem. Isso talvez pareça lógico demais, porém as pessoas o fazem. As Escrituras concordam com este conceito: “Sim, a compatibilidade é realmente importante”.

Entramos numa situação desastrosa quando não vamos além do entendimento superficial de compatibilidade, achando alguém que torna a nossa vida mais fácil e nos faz sentir bons. Caímos no “relacionamento de consumismo”, no qual vamos ao mundo e procuramos um companheiro como se estivéssemos em um supermercado. O fato é que tomamos mais decisões ruins do que decisões excelentes. Temos de ser bastante cuidadosos na maneira como falamos sobre a respeito de compatibilidade. É correto falar sobre isso e reconhecer o seu lugar, mas, quando a compatibilidade é o único fator que levamos em conta, ela apenas satisfaz o egoísmo e a pecaminosidade do coração humano.

As prioridades bíblicas e o aconselhamento pré-nupcial

9Marcas: Se a chave para um casamento saudável não é a compatibilidade, então, o que é? Ou fazendo a pergunta no contexto do mundo real: qual é a coisa mais importante a dizer para um casal de noivos durante o aconselhamento pré-nupcial? O que eles precisam saber antes de tudo?


Winston Smith: Quando encontro um casal que planeja se casar, esta é uma das coisas que mantenho em mente: estou diante de pessoas que são à prova de bala. Isso é o que eu penso. Em outras palavras, quando um casal me procura para obter aconselhamento pré-nupcial, eles já estão realmente comprometidos. Alguém gastou certa quantidade de dinheiro na compra de alianças de noivado. Às vezes, os convites de casamento já foram enviados, e esses noivos não querem mais ouvir a respeito de seus problemas. Eles procuram conselheiros a fim de obter o selo de aprovação, para que possam seguir em frente com confiança. Minha tarefa consiste em ajudá-los a entender que há razões importantes para perceberem seus problemas.

Penso que na maioria dos casos os jovens se casam porque sua experiência de namoro lhes ensinou que eles são realmente bons em ter alegria um com o outro. Eles têm divertido um ao outro. É ótimo ser casado com alguém que você desfruta e lhe traz alegria; mas o casamento não consiste apenas de divertimento. Isso pode até ser um dos frutos do casamento. Em última análise, o casamento é uma figura do relacionamento de Cristo com sua noiva, a Igreja, e de seu amor por ela. No casamento, temos a oportunidade e o dever de refletir esse relacionamento e ser um retrato vivo e permanente desse tipo de amor.

Você sabe? Esse tipo de amor não se expressa apenas nos tempos bons e felizes. Às vezes, ele é mais visível quando as coisas vão mau. Conhecemos o amor de Cristo porque Ele nos achou em nossa desordem, feiúra, abatimento e rebelião. Esse tipo de casamento exige que um casal ajude um ao outro nas situações confusas e inquietantes. No aconselhamento pré-nupcial, desejo preparar as pessoas para esta parte mais crítica de refletir a Cristo. Preciso que estejam dispostos a contemplar as situações complexas, antes de se casarem, para que saibam se estão tomando uma decisão sábia.

9Marcas: Há outra coisa essencial ao aconselhamento pré-nupcial?

Winston Smith: Creio que a palavra-chave para o aconselhamento pré-nupcial é sabedoria. A decisão de casar-se com alguém não é uma decisão de manter um clímax emocional. Casar-se é tomar uma resolução sábia. A sabedoria envolvida na decisão de casar fundamenta-se em resolver casar-se com alguém que você amará em suas virtudes e se mostrará preparado a amar e ministrar em suas imperfeições. Em contrapartida, uma decisão sábia implica escolher alguém que amará você não somente nos momentos alegres e em suas virtudes, mas também o assistirá e o amará em suas imperfeições. Isso é uma decisão de sabedoria.

O que almejo fazer no aconselhamento pré-nupcial não é dizer aos noivos que eles devem ou não casar com a outra pessoa. Eles são livres para casar com quem desejarem, contanto que seja cristão. Mas eu lhes pergunto:

O que significa para vocês uma decisão sábia?

Vocês estão aprendendo a respeito do outro, suas tentações e maneira de viver. Estão conhecendo um ao outro, sua maneira de viver, suas tentações, seus pecados. O que significaria para vocês tentar ministrar um ao outro nessa condição?

Vocês têm virtudes e fraquezas. Elas se manifestarão no casamento. Agora, decidam. Esse é o ministério que desejam abraçar para o resto da vida? Essa decisão pertence a vocês, e não a mim.

Em ocasiões raras, tenho me sentido obrigado a dizer: se você casarem um com o outro, isso será um desastre. Mais freqüentemente eu direi: esta é a minha opinião realista a respeito do que acontecerá, e vocês tem de decidir o que farão.

A mudança cultural e a pornografia

9Marcas: Como você acha que a cultura mudou nos últimos 15 ou 20 anos? O que você acredita que os casamentos estão enfrentando agora e não enfrentavam 20 anos atrás?

Winston Smith: Há provavelmente muitas pressões culturais que tornam o casamento diferente do que ele era há 15 ou 20 anos. Ressaltarei apenas uma porque é uma das mais insidiosas. Tenho visto, vez após vez, como a pornografia é poderosa e destrutiva no casamento. É claro que a pornografia tem mais do que 20 anos. Contudo, o que mudou nos últimos 20 anos foi a tecnologia. No passado, existia esse obstáculo vergonhoso que você devia estar disposto a superar. Para dar-se à pornografia, você tinha de ir a uma parte diferente da cidade. Tinha de sair do seu carro, entrar em uma loja e dispor-se a ser visto. Seu nome e seu rosto seriam associados com o material que você carregava. Agora, porém, o anonimato parece quase garantido. A pornografia está não somente disponível a você, mas também invadindo a sua vida. Ele promove-se a si mesma. Surgirá repentinamente nos e-mails. Ela se mostrará na lista de filmes expostos nos hotéis. Talvez, quanto mais luxuoso for o hotel, tanto mais fácil será ver a pornografia e tanto mais ousadamente ela será exibida.

A pornografia está na ofensiva contra você. Ela o persegue. Portanto, você precisa ter razões autênticas para rejeitá-la, não somente porque será apanhado por ela. Essa não é uma boa razão, porque você terá oportunidades secretas de satisfazê-la. A condição da pornografia mudou, e a mensagem se amplificou. Qualquer um que tem visto pornografia talvez saiba o que estou falando. Em última análise, a pornografia consiste em relacionamentos anônimos e sem significado nos quais o foco é a satisfação pessoal.

O sexo é maravilhoso, mas a intenção de Deus para o sexo é que este comunique significado e propósito. O sexo foi idealizado para comunicar o amor sacrificial, pactual e comprometido de Deus, bem como seu cuidado e ternura. O sexo não foi idealizado para expressar uma liberdade de fazer o que você deseja, focalizado em si mesmo, e de se engajar em relacionamentos anônimos e sem significado. Tome as mensagens anti-relacionais da pornografia e junte-as a um enlevo psicológico, e assim você tem em suas mãos algo realmente sórdido. A pornografia não somente escraviza o tempo e a vida da pessoa. Começa a invadir o resto dos relacionamentos. Essas mesmas mensagens de conveniência, prazer e focalização no ego permeiam toda a vida da pessoa. Elas não somente permanecem no computador.

9Marcas: Você tem alguma sabedoria que deseja compartilhar com os pastores e igrejas para tomarem a ofensiva — maneiras pelas quais eles podem ser ativos em lutar contra a pornografia?

Winston Smith: penso que uma maneiras pelas quais as igrejas devem lutar contra essa ameaça, em termos simples, é conversar a respeito dela. E conversar não somente como algo que está fora da igreja, mas também como algo que nos persegue como indivíduos e famílias na igreja. Crie situações em que as pessoas que lutam contra a pornografia possam falar sobre ela, sem sentirem-se envergonhadas ou ameaçadas como cidadãos de segunda classe. Crie um diálogo aberto no qual esse problema será tratado com o mesmo cuidado, interesse e compaixão manifestados para com outros pecados e lutas.

Esse é um passo simples mas ousado. Você precisa dizer: “Conversemos sobre a pornografia como uma problema de nossa igreja, porque ela é realmente um problema nosso”. É claro que essa conversa deve acontecer como parte daquela cultura de disciplina e responsabilidade mútua que os pastores devem cultivar em suas igrejas.

Em seguida, seja prático em oferecer às pessoas instrumentos com os quais possam fazer algo a respeito da pornografia.

● Se você tem um conexão de internet em sua casa, pense nessa conexão como uma entrada para uma loja de materiais pornográficos. Em sua casa há uma passagem que leva a um mercado de pornografia, se você possui uma conexão de internet, TV a cabo ou satélite. Portanto, considere-a uma porta que precisa ser vigiada e trancada. Entreter-se com o computador é algo bom, mas você precisa saber o que está fazendo e por que o está fazendo. Você não está apenas lambiscando em seu computador.

● Limite o acesso privativo ao computador. Se você tem um computador de mesa, coloque em um lugar comum em que tela estará de frente ao meio da sala.

● Há muitos softwares são eficazes, mas nenhum deles é infalível. Há opções nos softwares que são eficazes em erguer barreiras (criando uma cerca protetora). Se você transpô-las, isso acontecerá porque você quis, e não porque foi enganado.

Há muitas coisas básicas que podemos fazer para nos proteger, mas parece que vivemos em nossas igrejas como ingênuos. As pessoas estão imaginando: “Ninguém está falando sobre a pornografia, ela não deve ser um problema”. Tenho visto inúmeros exemplos de pastores e administradores de igrejas que foram enganados por esse pensamento. Já aconselhei pessoas que trabalham em equipes de limpeza e, à noite, vão ao computador e veem pornografia nos prédios que estão limpando. Espero que essas sugestões ajudem aqueles que lutam contra a pornografia prevalecente.

Edificando casamentos saudáveis

9Marcas: Como podemos produzir uma cultura de casamentos saudáveis na igreja? Quais são os passos práticos que os pastores podem seguir para edificarem casamentos saudáveis?
Winston Smith: Acho que, ao pensarmos em como fazer algo na igreja, devemos começar com esta pergunta: de que maneira posso liderar por meio do exemplo? Não se precipite a um programa, nem a uma estrutura. Considere isto:

• Como eu vivencio o meu casamento diante dos membros da igreja?
• Como isso se manifesta no púlpito?
• Do púlpito, eu falo sobre o casamento como um ministério?
• Nas pregações, ajudo as pessoas a entenderem o que significam a graça e o amor nos detalhes da vida cotidiana?

Todos gostamos de pregações que contêm histórias e anedotas engraçadas. O que realmente necessitamos são aplicações práticas e apropriadas — aplicações concernentes a assuntos como estes: a maneira de conversarmos um com o outro, o modo como enfrentamos um ao outro, a maneira como perdoamos e como lidamos com as questões que vivenciamos no dia-a-dia.
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Traduzido por: Pr. Wellington Ferreira
Copyright:
© 9Marks
© Editora FIEL 2009.
Traduzido do original em inglês: Premarital Counseling, Pornography, and Marriage – Entrevista com Winston Smith, realizada pelo ministério 9 Marcas com.
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

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A Utilidade das Escrituras no Aconselhamento



Wayne Mack

O que a Bíblia nos ensina? A Bíblia nos ensina a respeito da vida; ela nos ensina a própria verdade (Jo 17.17). A Bíblia nos ensina a verdade que precisamos saber para começarmos a viver a vida que honra e glorifica a Deus. Ela nos ensina o que é certo e o que é errado; o que é proveitoso, o que é sábio e o que é estultice. A Bíblia nos ensina como podemos escapar da corrupção que existe no mundo e em nosso coração. Ela nos ensina como podemos ser eficientes no ministério cristão; como ser bons esposos e esposas, pais e filhos; como ser bons cidadãos, como amar a Deus e ao nosso próximo (2 Pe 1.3,4). A Bíblia nos ensina como resolver nossos problemas à maneira de Deus (1 Co 10.13; Rm 8.32-39). Ela nos ensina como ter alegria, paz, gentileza, paciência, bondade, amabilidade, autocontrole e dignidade (2 Pe 1.5-7; Gl 5. 22,23). A Bíblia nos ensina a respeito da Divindade, do céu, do inferno, da vida presente e da vida por vir. Na verdade, a Palavra de Deus nos ensina (pelo menos na forma de princípios) tudo o que necessitamos saber para que tenhamos uma vida eficaz e bem-sucedida, conforme Deus mesmo define esse tipo de vida (2 Pe 1.8,9; 1 Tm 4.7; Jo 10.10).

As Escrituras são o nosso padrão infalível e inerrante em assuntos de fé e de prática. A Palavra de Deus é “perfeita e restaura a alma”; é “fiel e dá sabedoria aos símplices”; é correta e alegra o coração; é pura e “ilumina os olhos”. Seus ensinos são “mais desejáveis do que o ouro, mais do que muito ouro depurado”. Por meio deles, o povo de Deus é advertido, protegido do erro e de angústias, e, “em os guardar, há grande recompensa” (Sl 19.7-11).

O Salmo 119, o capítulo mais longo da Bíblia, refere-se totalmente à Palavra de Deus. Neste salmo, em quase todos os seus 176 versículos, o autor exalta a utilidade dos ensinos encontrados na Palavra de Deus. Conhecer e praticar os ensinos da Palavra de Deus produz uma vida abençoada, um coração agradecido, livramento do opróbrio, pureza de coração, libertação do pecado, alegria e gozo incomparáveis, livramento da reprovação e do desprezo, vigor e fortalecimento interior, ousadia e coragem, conforto e refrigério, liberdade e segurança e muitos outros benefícios. Não devemos nos

admirar destas palavras do salmista: “Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo”; “Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua palavra”; “Os teus testemunhos são o meu prazer, são os meus conselheiros”; “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos”; “A minha alma tem observado os teus testemunhos; eu os amo ardentemente”; “Tenho por, em tudo, retos os teus preceitos todos” (Sl 119.47, 16, 24, 105, 167, 128).

Que bênção é possuirmos o ensino infalível do Deus infinito e inerrante, desfrutando deste ensino como um guia para nossa vida e um auxílio para entendermos nossos problemas e as soluções para eles! Este ensino se tornou especialmente real para mim há algum tempo, quando estava em meus estudos universitários na área de psicologia. Enquanto estudava na universidade, ouvi muito a respeito de teorias e opiniões de muitas pessoas supostamente eruditas no que diz respeito ao homem e seus problemas. Depois de apresentar as várias e habitualmente conflitantes teorias a respeito do homem e seus problemas (teorias ensinadas por líderes respeitados no campo da psicologia), um dos professores disse: “Não podemos ter certeza se qualquer destas teorias é completamente verdadeira. Mas, se vocês têm de aconselhar outras pessoas, estudem estas teorias e decidam qual delas lhes parece mais sensata. Vocês têm de fazer isso porque, quando as pessoas vierem para aconselhamento, elas desejarão ouvir algo que lhes esclareça o porquê dos problemas pelos quais elas estão passando”. Apreciei a sinceridade deste homem, mas fiquei triste por reconhecer que pessoas estariam procurando ajudar outras a entenderem seus problemas e a encontrarem soluções para eles, sem terem qualquer razão consistente que lhes daria a certeza de que as coisas em que estavam crendo tinham algum valor genuíno. Ao mesmo tempo, eu me regozijei em saber que a Palavra de Deus é proveitosa para nos ensinar, de maneira infalível, “todas as coisas que conduzem à vida e à piedade” (2 Pe 1.3).

Em outro curso de psicologia, a questão dos valores estava sendo discutida. Havíamos aprendido que a única maneira de alguém determinar o certo e o errado é agir de conformidade com esta máxima: “O certo é tudo aquilo que é significativo e satisfatório para você e não machuca as outras pessoas”. Em meu papel de respostas daquela aula, afirmei que isso nos deixa em um dilema terrível, relativista e incerto no que se refere a determinar o certo e o errado. De maneira tão respeitosa e gentil quanto possível, escrevi: “Esta maneira de determinar o certo e o errado é bastante relativista e subjetiva, pois aquilo que eu penso ser significativo e satisfatório pode ser muito diferente daquilo que outra pessoa pensa ser significativo e satisfatório. Além disso, como eu posso saber que algo é realmente significativo e satisfatório? Visto que eu sou um ser humano limitado, aquilo que eu penso ser significativo e satisfatório pode não ser, de maneira alguma, uma avaliação exata”.



No mesmo papel de respostas, escrevi as seguintes perguntas a respeito da declaração de que o certo é aquilo que não machuca as outras pessoas: “Que padrão devo utilizar para determinar se algo realmente não machucará outra pessoa? Como posso ter certeza de que outra pessoa não será ferida por aquilo que eu faço ou não faço? Sou finito e falível, e meu entendimento daquilo que machuca os outros pode ser total ou, pelo menos, parcialmente errado”. Em respostas às minhas perguntas, o professor escreveu: “Você levantou algumas questões sérias e interessantes, para as quais não temos respostas; mas continuaremos a lutar com tais questões”. Em outras palavras, se esquadrinharmos este padrão do certo e do errado, descobriremos que não temos realmente nenhum padrão.
Quão infeliz é a situação daqueles que, trabalhando em ajudar outras, não têm uma base sólida que lhes capacite a entender as pessoas e seus problemas e a encontrar soluções para eles. Quão agradecidos e humildes nos deveríamos mostrar pelo fato de que temos a Palavra de Deus, a qual é proveitosa para nos ensinar. Meus irmãos, posso dizer-lhes, não com orgulho, e sim com ousadia, que realmente temos as respostas! Temos a verdade na Palavra de Deus. Neste livro, a Bíblia, o Deus todo-poderoso nos revela o que é certo e o que é errado. Quando fundamentamos nosso entendimento neste livro, não precisamos perguntar: “O que eu estou fazendo é certo ou errado?” Se os ensinos deste livro são inspirados por Deus, podemos ter paz, confiança e segurança, se aquilo em que cremos, o que dizemos, o que fazemos está de acordo com o que a Bíblia diz. Se o Deus todo-poderoso, todo-sábio, onisciente e infalível ensina algo, o que nos importam as coisas ensinadas pelo resto do mundo? É de acordo com a lei e com o testemunho da Palavra de Deus que falamos a verdade, e qualquer coisa que contradiz a Palavra de Deus é expressamente falsa (Is 8.20).
Se uma pessoa não tem a certeza resultante de reconhecer que aquilo em que ela crê é o ensino de Deus, tal pessoa passa a vida toda como um navio sem âncora. Ela é constantemente jogada de um lado para o outro, sem qualquer fundamento verdadeiro para ter certeza a respeito de qualquer coisa. Quando tal pessoa medita realisticamente a respeito de sua situação, o resultado é incerteza, temor, ansiedade, depressão, confusão, perplexidade e várias outras experiências desagradáveis. Ao contrário disso, quando uma pessoa reconhece que os ensinos da Bíblia foram inspirados por Deus, e tal pessoa entende, crê e aplica esses ensinos à sua vida, ela possui os fundamentos sólidos para desfrutar de paz, confiança, certeza, contentamento, ousadia, coragem, gozo, gentileza, bondade, amabilidade, autocontrole e dignidade.


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O Pecado e a Glória de Cristo


D. M. Lloyd-Jones

Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. I Timóteo 1.15

Ninguém jamais terá uma concepção verdadeira do ensino bíblico sobre a redenção, se não possuir clareza de entendimento sobre a doutrina bíblica do pecado. E essa é a razão por que muitas pessoas, em nossos dias, são inseguras e vagas em suas idéias a respeito da redenção. A idéia mais comum é a de que o Senhor Jesus é um tipo de amigo ao qual todos podem recorrer em dificuldades, como se isso fosse tudo a respeito dEle. O Senhor Jesus é esse tipo de amigo - e temos de agradecer a Deus! Mas isso não é redenção em todo o seu escopo, em sua inteireza ou em sua essência. Você não pode começar a avaliar a redenção, até que compreenda o que a Bíblia nos ensina a respeito da condição do homem no pecado e de todos os efeitos do pecado no homem. Permita-me dizê-lo com outras palavras: você não pode entender a doutrina da encarnação de Cristo, a menos que entenda a doutrina do pecado.

A Bíblia nos ensina que o homem estava em uma condição tão deplorável, que exigia a vinda, dos céus à terra, da Segunda Pessoa da bendita e santíssima Trindade. Ele teve de humilhar-se e assumir a natureza humana, nascendo como um bebê. Isso era absolutamente essencial, para que o homem fosse redimido. Por quê? Por causa do pecado e da sua natureza. Por conseguinte, você não pode entender a encarnação de Jesus, a menos que tenha um entendimento claro sobre o pecado. De maneira semelhante, considere a cruz no monte Calvário. O que ela significa? O que a cruz nos diz? O que aconteceu lá? Digo novamente que você não pode entender a morte de nosso Senhor e o que Ele fez na cruz, se não possui um entendimento claro sobre a doutrina do pecado. A completa imprecisão das idéias de muitas pessoas a respeito da morte de nosso Salvador se deve completamente a este fato: e elas não gostam da doutrina da substituição, não gostam da doutrina do sofrimento penal. Isso acontece porque nunca compreenderam o problema e não vêem o homem como um criatura caída no pecado. Estas são as doutrinas fundamentais da fé cristã; não se pode entender a redenção, exceto à luz da terrível condição do homem no pecado.

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sexta-feira, 4 de maio de 2012

A Heresia do Egocentrismo


John MacArthur

John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master's College and Seminary e do ministério "Grace to You"; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.

"Não negligencieis a prática do bem e a mútua cooperação [koinonia]"
Hebreus 13.16

O egocentrismo não tem lugar na igreja. Nem devíamos dizer isso, mas, desde o alvorecer da era apostólica até hoje, o amor próprio em todas as suas formas tem prejudicado incessantemente a comunhão dos santos. Um exemplo clássico e antigo de egocentrismo fora de controle é visto no caso de Diótrefes. Ele é mencionado em 3 João 9-10, onde o apóstolo diz: "Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja".

Diótrefes anelava ser o preeminente em sua congregação (talvez até mais do que isso). Portanto, ele via qualquer outra pessoa que tinha autoridade de ensino – incluindo o apóstolo amado – como uma ameaça ao seu poder. João havia escrito uma carta de instrução e encorajamento à igreja, mas, por causa do desejo de Diótrefes por glória pessoal, ele rejeitou o que o apóstolo tinha a dizer. Evidentemente, ele reteve da igreja a carta de João. Parece que ele manteve em segredo a própria existência da carta. Talvez ele a destruiu. Por isso, João escreveu sua terceira epístola inspirada para, em parte, falar a Gaio sobre a existência da carta anterior.

Na verdade, o egoísmo de Diótrefes o tornou culpado do mais pernicioso tipo de heresia: ele rejeitou ativamente e se opôs à doutrina apostólica. Por isso, João condenou Diótrefes em quatro atitudes: ele rejeitou o ensino apostólico; fez acusações injustas contra um apóstolo; foi inóspito para com os irmãos e excluiu aqueles que não concordavam com seu desafio a autoridade de João. Em todo sentido imaginável, Diótrefes era culpado da mais obscura heresia, e todos os seus erros eram frutos de egocentrismo.

Em nosso estado caído, estado de carnalidade, somos todos assediados por uma tendência para o egocentrismo. Isto não é uma ofensa insignificante, nem um pequeno defeito de caráter, nem uma ameaça irrelevante à saúde de nossa fé. Diótrefes ilustra a verdade de que o amor próprio é a mãe de todas as heresias. Todo falso ensino e toda rebelião contra a autoridade de Deus estão, em última análise, arraigados em um desejo carnal de ter a preeminência – de fato, um desejo de reivindicar para si mesmo aquela glória que pertence legitimamente a Cristo. Toda igreja herética que já vimos tem procurado suplantar a verdade e a autoridade de Deus com seu próprio ego pretensioso.

De fato, o egocentrismo é herético porque é a própria antítese de tudo que Jesus ensinou ou exemplificou. E produz sementes que dão origem a todas as outras heresias imagináveis.

Portanto, não há lugar para egocentrismo na igreja. Tudo no evangelho, tudo que igreja tem de ser e tudo que aprendemos do exemplo de Cristo golpeia a raiz do orgulho e do egocentrismo humano.

Koinonia

As descrições bíblicas de comunhão na igreja do Novo Testamento usam a palavra grega koinonia. O espírito gracioso que essa palavra descreve é o extremo oposto do egocentrismo. Traduzida diferentemente por "comunhão", "compartilhamento", "cooperação" e "contribuição", esta palavra é derivada de koinos, a palavra grega que significa "comum". Ela denota as ideias de compartilhamento, comunidade, participação conjunta, sacrifício em favor de outros e dar de si para o bem comum.

Koinonia era uma das quatro atividades essenciais que mantinha os primeiros cristãos juntos: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão [koinonia], no partir do pão e nas orações" (At 2.42). O âmago da "comunhão" na igreja do Novo Testamento era culto e sacrifício uns pelos outros, e não festividade ou funções sociais. A palavra em si mesma deixava isso claro nas culturas de fala grega. Ela foi usada em Romanos 15.26 para falar de "uma coleta em benefício dos pobres" (ver também 2 Co 9.3). Em 2 Coríntios 8.4, Paulo elogiou as igrejas da Macedônia por "participarem [koinonia] da assistência aos santos". Hebreus 13.16 diz: "Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação [koinonia]". Claramente, o egocentrismo é hostil à noção bíblica de comunhão cristã.

Uns aos outros

Esse fato é ressaltado também pelos muitos "uns aos outros" que lemos no Novo Testamento. Somos ordenados: a amar "uns aos outros" (Jo 13.34-35; 15.12, 17); a não julgar "uns aos outros" e ter o propósito de não por tropeço ou escândalo ao irmão (Rm 14.13); a seguir "as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros" (Rm 14.19); a ter "o mesmo sentir de uns para com os outros" e acolher "uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus" (Rm 15.5, 7). Somos instruídos a levar "as cargas uns dos outros" (Gl 6.2); a sermos benignos uns para com os outros, "perdoando... uns aos outros" (Ef 4.32); e a sujeitar-nos "uns aos outros no temor de Cristo" (Ef 5.21). Em resumo, "Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Fp 2.3).

No Novo Testamento, há muitos mandamentos semelhantes que governam nossos relacionamentos mútuos na igreja. Todos eles exigem altruísmo, sacrifício e serviço aos outros. Combinados, eles excluem definitivamente toda expressão de egocentrismo na comunhão de crentes.

Cristo como cabeça de seu corpo, a igreja

No entanto, isso não é tudo. O apóstolo Paulo comparou a igreja com um corpo que tem muitas partes, mas uma só cabeça: Cristo. Logo depois de afirmar, enfaticamente, a deidade, a eternidade e a proeminência absoluta de Cristo, Paulo escreveu: "Ele é a cabeça do corpo, da igreja" (Cl 1.18). Deus "pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo" (Cl 1.22-23). Cristãos individuais são como partes do corpo, existem não para si mesmos, mas para o bem de todo o corpo: "Todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor" (Ef 4.16).

Além disso, cada parte é dependente de todas as outras, e todas estão sujeitas à Cabeça. Somente a Cabeça é preeminente, e, além disso, "se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam" (1 Co 12.26).

Até aquelas partes do corpo aparentemente insignificantes são importantes (vv. 12-20). "Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo?" (vv. 18-19).

Qualquer evidência de egoísmo é uma traição de não somente o resto do corpo, mas também da Cabeça. Essa figura torna o altruísmo humilde em virtude elevada na igreja – e exclui completamente qualquer tipo de egocentrismo.

Escravos de Cristo

A linguagem de escravo do Novo Testamento enfatiza, igualmente, esta verdade. Os cristãos não são apenas membros de um corpo, sujeitos uns aos outros e chamados à comunhão de sacrifício. Somos também escravos de Cristo, comprados com seu sangue, propriedade dele e, por isso, sujeitos ao seu senhorio.
Escrevi um livro inteiro sobre este assunto. Há uma tendência, eu receio, de tentarmos abrandar a terminologia que a Escritura usa porque – sejamos honestos – a figura de escravo é ofensiva. Ela não era menos inquietante na época do Novo Testamento. Ninguém queria ser escravo, e a instituição da escravidão romana era notoriamente abusiva.

No entanto, em todo o Novo Testamento, o relacionamento do crente com Cristo é retratado como uma relação de senhor e escravo. Isso envolve total submissão ao senhorio dele, é claro. Também exclui toda sugestão de orgulho, egoísmo, independência ou egocentrismo. Está é simplesmente mais uma razão por que nenhum tipo de egocentrismo tem lugar na vida da igreja.
O próprio senhor Jesus ensinou claramente este princípio. Seu convite a possíveis discípulos foi uma chamada à total autorrenúncia: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me" (Lc 9.23).
Os doze não foram rápidos para aprender essa lição, e a interação deles uns com os outros foi apimentada com disputas a respeito de quem era o maior, quem poderia ocupar os principais assentos no reino e expressões semelhantes de disputas egocêntricas. Por isso, na noite de sua traição, Jesus tomou uma toalha e uma bacia e lavou os pés dos discípulos. Sua admoestação para eles, na ocasião, é um poderoso argumento contra qualquer sussurro de egocentrismo no coração de qualquer discípulo: "Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.14-15).
Foi um argumento do maior para o menor. Se o eterno Senhor da glória se mostrou disposto a tomar uma toalha e lavar os pés sujos de seus discípulos, então, aqueles que se chamam discípulos de Cristo não devem, de maneira alguma, buscar preeminência para si mesmos. Cristo é nosso modelo, e não Diótrefes.
Não posso terminar sem ressaltar que este princípio tem uma aplicação específica para aqueles que estão em posições de liderança na igreja. É um lembrete especialmente vital nesta era de líderes religiosos que são superestrelas e pastores jovens que agem como estrelas de rock. Se Deus chamou você para ser um presbítero ou mestre na igreja, ele o chamou não para sua própria celebridade ou engrandecimento. Deus o chamou a fazer isso para a glória dele mesmo. Nossa comissão é pregar não "a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos [escravos], por amor de Jesus" (2 Co 4.5).
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Traduzido por: Francisco Wellington Ferreira

Editor: Tiago Santos

Copyright © John MacArthur & Tabletalk

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Publicado originalmente na Revista Tabletalk, nº 3, Vol. 36, do ministério Ligonier.
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Extraída do http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=386